domingo, 30 de março de 2014

Resumão Vegetação no mundo

Vegetação é caracterizada como o conjunto de plantas de uma determinada região. Em razão da diversidade climática da Terra, com destaque para a variação da temperatura e umidade, existem coberturas vegetais distintas.

Os principais tipos de vegetação são: deserto, estepe, floresta de coníferas, floresta temperada, floresta tropical, savana, tundra, vegetação de montanha e vegetação mediterrânea.

Deserto: é a vegetação típica de regiões semiáridas, áridas e hiperáridas. A quantidade de chuva é baixíssima, fato que impossibilita o desenvolvimento de vida animal e de vegetação na maior parte dos desertos.

Estepe: o clima predominante é o temperado continental, comum na região central da América do Norte, centro-sul da América do Sul, Ásia Central, leste da Austrália e sul da África. A cobertura vegetal é composta por gramíneas e arbustos de pequeno porte.

Tundra: é a vegetação predominante no extremo norte do Hemisfério Setentrional. A vegetação é composta basicamente por capim e junco. Apresenta baixas temperaturas.

Tundra
Tundra

Floresta coníferas: comum das regiões de temperaturas baixas, cujo clima é continental frio ou polar. A maioria das árvores tem folhas em forma de agulha, sendo uma forma de não acumular neve, como, por exemplo, o pinheiro.

Floresta temperada: vegetação típica de regiões de clima temperado, apresentando as quatro estações do ano bem definidas: primavera, verão, outono e inverno. As principais espécies vegetais são carvalhos, faias e bordos.

Floresta tropical: compreende as regiões próximas à linha do Equador. A temperatura média, a umidade e a quantidade de chuvas são bastante elevadas. A fauna e a flora são diversificadas, como o que ocorre na floresta Amazônica, que é a maior floresta tropical do mundo.

Savana: também conhecida como cerrado, esse tipo de vegetação é comum na porção central da América do Sul, norte da América Central, além de áreas da Austrália e do continente africano. As árvores são de pequeno porte e têm o caule torto.

Vegetação de montanha: como o próprio nome diz, essa vegetação é comum em pontos elevados, tais como os Andes, Himalaia, entre outras regiões montanhosas. A vegetação é pouco diversificada, visto que o clima não é propício para o seu desenvolvimento.

Vegetação mediterrânea: a vegetação é composta por árvores de pequeno porte, como, por exemplo, oliveiras e sobreiros.

O árabe e o islamismo

Você sabia que a divulgação da utilização do número zero em operações matemáticas foi uma contribuição dos povos árabes? E que isso foi possível em decorrência do tamanho que alcançou o Império Islâmico e do contato entre culturas diferentes ocorridas nesse império? A cultura árabe foi influenciada por diversas outras culturas e também influenciou nosso modo de viver. Vamos conhecer um pouco mais sobre esta rica produção cultural?

Os árabes viviam principalmente na Península Arábica e depois que Maomé se tornou chefe político, religioso e militar deste povo, em 622, foi formado o Império Islâmico, que se estendeu desde a Índia até a Espanha. A prática dos árabes com os povos que eram conquistados era de tolerância religiosa e também de não destruir as civilizações existentes, assimilando valores e conhecimentos dos povos subjugados e também contribuindo de forma original, produzindo novos conhecimentos a partir dessas assimilações.

O próprio legado filosófico grego foi mantido vivo também como contribuição dos árabes. A conquista de partes do território do Império Bizantino, que se dizia herdeiro da tradição greco-romana, possibilitou aos árabes traduzir e a comentar as obras do filósofo Aristóteles, por exemplo.

Outros conhecimentos apropriados e expandidos do pensamento grego estão na medicina, astronomia, geografia, química e na matemática. Nesse ramo do conhecimento, devemos aos árabes os algarismos que utilizamos cotidianamente em nossos cálculos e descrições. Do contato com os indianos, os árabes conheceram o algarismo zero e passaram a utilizá-lo em operações matemáticas. Esse conhecimento possibilitou a realização de cálculos complexos, como os cálculos algébricos, que auxiliaram na engenharia, na arquitetura e foram muito importantes para o desenvolvimento das ciências, além do fato de que sem o zero e os cálculos matemáticos não teríamos desenvolvido os computadores.

A universidade de Al-Azhar, fundada em 975, era um centro de produção de conhecimento no Império Islâmico
A universidade de Al-Azhar, fundada em 975, era um centro de produção de conhecimento no Império Islâmico

Os árabes trouxeram ainda para o Ocidente espécies vegetais como o arroz, a cana-de-açúcar, o café, o algodoeiro, a laranjeira, o limoeiro, a alface e a amoreira. Produziram um artesanato de alta qualidade, principalmente nos tecidos, tapetes, brocados e objetos de metais, dos quais se podem destacar as famosas espadas de aço fabricadas em Toledo, na Espanha.

Como se tornaram grandes navegadores, eles construíram mapas, navios, criaram a bússola e o astrolábio, importantes instrumentos de navegação. Desenvolveram a alquimia, possibilitando que os conhecimentos fossem utilizados na química moderna. Realizaram o comércio através do Mar Mediterrâneo, interligando o mundo Oriental e Ocidental.

Na arquitetura utilizaram uma grande variedade de arcos, cúpulas originais, minaretes, sempre ornamentados. Desenvolveram ainda os arabescos, uma espécie de arte abstrata decorativa que mistura formas de flores, linhas, frutas, grinaldas e eram utilizadas em decorrência da proibição de representar figuras humanas expressa no Corão. Além disso, utilizaram da arte bizantina, persa e indiana para fazer as decorações internas de suas mesquitas e palácios, com a criação de refinados motivos geométricos e ornamentais.

Os árabes produziram ainda uma vasta literatura, cuja principal obra destacada é As mil e uma noites, uma coletânea de contos originários de diversos lugares do Oriente, como da China, da Índia e da Pérsia, todas interligadas com a história da princesa Sherazade, que narra histórias fantásticas ao sultão com quem havia se casado, para evitar sua morte e a de outras princesas.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Índice de dependência Hídrica

A questão da escassez de água é um dos temas ambientais globais do século XXI. Assim como acontece com a população, os recursos hídricos não estão distribuídos equitativamente pela superfície do planeta.  Há regiões onde a água é naturalmente escassa, como as áreas áridas e semi-áridas, e mesmo em áreas onde o chamado “ouro azul” é abundante, o aumento do consumo, bem superior ao incremento demográfico, o mau uso e o desperdício já indicam futuros cenários de escassez.

O Índice de Dependência de Água (IDA) permite análises geográficas e geopolíticas interessantes. O IDA mensura a proporção de água renovável, fundamentalmente de origem fluvial, oriunda de fora do território de determinado país. No fundo, oferece um número para a dependência de recursos hídricos controlados por países vizinhos.

Logo de início, obviamente, o índice revela que os países insulares – como Japão, Filipinas, Sri Lanka, Madagascar ou Cuba – exibem dependência zero, pois seus cursos fluviais nascem, fluem e deságuam dentro dos próprios territórios nacionais. Mas tais países são exceções. Na imensa maioria dos casos, a dependência de água oscila em função da combinação de variáveis   como o contorno de fronteiras do país, a disposição das unidades do relevo e o desenho das redes hidrográficas. Os casos mais interessantes são os de países de grande extensão territorial ou de países drenados por rios cujas bacias abrangem vários espaços nacionais [veja o Mapa 1].


O IDA do Brasil desmente a apreciação do senso comum, segundo a qual não temos maiores dificuldades hídricas. Nosso IDA é de 34%, o que quer dizer que cerca de um terço das águas fluviais do país têm origem fora do território nacional. Se as bacias hidrográficas do São Francisco e do Tocantins-Araguaia são integralmente brasileiras, diversos rios formadores do Amazonas têm seus altos vales na Cordilheira dos Andes. Isso significa que há forte dependência hídrica na área da Amazônia, apesar do controle brasileiro sobre quase 70% da área da bacia [veja o Gráfico].

Na bacia Platina, as coisas se invertem. Como as nascentes e parte considerável do curso dos principais rios formadores da bacia estão em território brasileiro, a dependência hidrográfica de nossos vizinhos platinos é superior ao do Brasil: Argentina (66%), Paraguai (72%), Uruguai (58%) e Bolívia (51%).

De modo geral, os países de grande extensão territorial apresentam dependência hidrográfica inferior à brasileira. A Rússia possui IDA de apenas 4%, já que a maioria de seus grandes cursos fluviais, como o Obi, o Lena, o Ienissei e o Volga têm suas bacias hidrográficas quase totalmente inscritas no espaço nacional russo. A mesma explicação vale para o Canadá, com IDA de 2%, um reflexo da circunstância de que seus grandes rios – como o Mackenzie, o Iukon e o São Lourenço, drenam fundamentalmente o próprio território canadense. O IDA de 8% dos Estados Unidos explica-se, em grande parte, pelos fatos de que de seus maiores rios, o Colúmbia, tem nascentes no Canadá e porque o país compartilha com o México a bacia do Rio Grande, curso fluvial  que serve parcialmente como fronteira entre os dois países.

A China é um caso emblemático. Seu IDA baixíssimo (1%) deriva da configuração territorial do país e da direção oeste-leste de seus principais rios: o Hoang Ho, o Yang Tse-kiang e o Sikiang são exclusivamente chineses. Ademais, no planalto do Tibete chinês estão as nascentes e os altos vales de rios transnacionais. O Bramaputra nasce na China mas atravessa a Índia e Bangladesh. O Irriwady, o Saluem e o Mekong fluem para países do Sudeste Asiático. As montanhas e altos planaltos do Tibete chinês funcionam como uma espécie de “caixa d’água” da Ásia Oriental.

Alguns países apresentam índice de dependência hídrica muito elevado, o que tem relevantes consequências geopolíticas. Um exemplo notório é o Egito, com IDA de 97%. Heródoto estava coberto de razão quando disse que “o Egito é uma dádiva do Nilo”, referindo-se a um país cujo território estende-se totalmente por áreas desérticas. O Egito é o último dos países servido pelas águas do Nilo, cuja bacia hidrográfica se estende por cerca de uma dezena de espaços nacionais. No extremo oposto, a Etiópia, um dos “vizinhos hidrográficos” do Egito, exibe o surpreendente IDA de zero, igual ao de países insulares. A explicação: os altos planaltos etíopes são dispersores  de águas. Neles, aliás, estão as nascentes do Nilo Azul e do Atbara, dois dos maiores afluentes do chamado Nilo Branco [veja o Mapa 2].

Na Europa centro-oriental, os índices de dependência variam bastante, mas chama a atenção o caso da Hungria, com IDA de 94%. O, cercado pelas cadeias montanhosas dos Alpes, dos Cárpatos, dos Alpes Dináricos e dos Bálcãs, está integralmente situado na planície Húngara e é drenado quase apenas pelo rio Danúbio. A bacia danubiana se espraia por territórios de uma dezena de países, muitos dos quais a montante da Hungria. A Alemanha, onde estão as nascentes do Danúbio, tem índice de 31%, basicamente porque também é drenada pelas águas do Reno, cujas nascentes estão na Suíça. Já a Holanda, situada no baixo vale do Reno, exibe IDA de 88%.

Há combinações altamente desfavoráveis. Países com IDA elevado, situados em regiões de escassez de água e cortados por rios que atravessam vários territórios nacionais são, como regra, sujeitos a tensões geopolíticas importantes. Dois exemplos clássicos são o Iraque (IDA de 53%) e a Síria (IDA de 80%). Ambos dependem dos rios Tigre e Eufrates, cujas nascentes estão na Turquia (IDA de 1%).

Maduro e suas dificuldades a frente do chavismo

Não era este o cenário que Nicolás Maduro esperava quando está prestes a assinalar, a 5 de Março, o primeito aniversário da morte de Hugo Chávez, o carismático líder popular que governou a Venezuela durante 15 anos. Após duas semanas de tensão e violência, que fizeram mais de 15 mortos e centenas de feridos, nem os manifestantes que protestam contra a crise e a insegurança na Venezuela, nem o Governo que os acusa de tentativa de golpe de Estado, parecem dispostos a desistir do braço-de-ferro e desfazer o impasse que tem deixado o projecto político de socialismo bolivariano no limbo.

Há bairros convertidos em campos de batalha, com ruas barricadas pelos moradores; estudantes universitários presos por dissidência; grupos de motociclistas reconvertidos em “colectivos” paramilitares de protecção da paz e da revolução. Em dez meses de mandato, o Presidente Nicolás Maduro – o sucessor designado pelo próprio Chávez, mas eleito por uma margem mínima de 1,5 %, no auge da comoção com a morte de El Comandante – viu a crise económica do país agravar-se e evoluir para uma crise política. Vários comentadores dizem que esta evolução era inevitável, tendo em conta a conjuntura do país.

O ano de 2013 fechou com uma taxa de inflação oficial de 56,2% e uma taxa de escassez de 28%, ou seja, um em cada quatro artigos do cabaz básico não está disponível para os consumidores. Os apagões eléctricos repetem-se, deixando às escuras cidades inteiras (incluindo a capital, Caracas). O medo e a insegurança já levaram o comércio a mudar os horários, e obrigaram o Governo a lançar programas de militarização do policiamento. A Venezuela tornou-se num dos países mais violentos do mundo, com uma taxa de homicídios de 79 por cada 100 mil habitantes.

Sem nada a perder
É este contexto, dizem os analistas, que explica o actual estado de insatisfação e enquadra a adesão aos protestos. À semelhança do que sucedeu no verão passado no Brasil, a mobilização nasceu de uma questão local: os estudantes do estado de Táchira revoltaram-se contra a criminalidade dentro dos recintos universitários e saíram à rua para exigir uma resposta do Governo. Foi a reacção das autoridades ao que alimentou a segunda vaga – mais forte – de contestação (como no país vizinho): a violência policial trouxe mais gente para a rua, em vários estados do país. “As pessoas sentem que já não têm nada a perder”, refere ao PÚBLICO Juan Carlos Hidalgo, analista do Centro para la Libertad y Prosperidad Global do Cato Institute.

Em vez de estancar a crise, a repressão militar dos protestos estudantis – e posteriormente a prisão de Leopoldo López, o líder do partido de oposição Vontade Popular, acusado de instigar a violência popular – acrescentou um novo factor de descontentamento e motivou uma parte da população, que antes se mantinha à margem, a participar nos protestos.

“As pessoas normais começaram a sentir-se afectadas pelo que estava a acontecer. "Olhe para isto: sou o distribuidor dos óculos Adidas no país e estou aqui na rua com uma pedra na mão”, exemplificava ao New York Times Carlos Alviarez, de 39 anos, residente de um bairro de classe média da cidade de San Cristóbal. Como os seus vizinhos, Alviarez barricava as ruas com pneus em chamas e lançava pedras contra a Guarda Nacional, que respondia com tiros de caçadeira e gás lacrimogéneo.

“Hoje, a Venezuela está num ponto de viragem de repercussões imprevisíveis”, escrevem os especialistas do Centro de Divulgação do Conhecimento Económico para a Liberdade (Cedice Libertad), umthink-tank venezuelano de orientação liberal. “A forma como o Governo geriu a economia e também as questões sociais resultaria, mais cedo ou mais tarde, num problema de governabilidade”, assinalou ao PÚBLICO o director daquela organização, Victor Maldonado Contreras.

Num artigo para o jornal El Nacional,a professora de Ciências Sociais e Filosofia Política da Universidade Simón Bolívar, Colette Capriles, diz que os “fantasmas” do regime se libertaram, pela sua incapacidade em manter viva a promessa revolucionária de um futuro melhor para os venezuelanos. “Quem sabe se o que está a acontecer não é só uma rebelião contra a exclusão política de metade do país e um sistema económico exausto (…) mas também um cansaço do chavismo”. “Temos várias fontes de insatisfação estrutural que se vêm acumulando. Sem um tipo de válvula de escape institucional, nem uma via de interlocução com o Governo, é absolutamente natural que as pessoas saiam à rua”, considera Maldonado Contreras.

quinta-feira, 20 de março de 2014

O Presidente venezuelano e suas trapalhadas

O presidente venezuelano Nicolás Maduro e suas trapalhadas

Depois do homem-aranha, agora o culpado pela violência são as telenovelas (Imagem de internet)

E Nicolás Maduro apronta de novo. Desta vez quer controlar o que passa nos canais de TV, sejam abertos ou a cabo, o importante é expandir o próprio poder e domínio sobre os venezuelanos utilizando-se da desculpa que for.

Inclusive, a desculpa desta vez é a de que os programas de televisão, principalmente as novelas, são culpados pela violência no país. Da última vez o culpado era o Homem Aranha e super-heróis mascarados. Realmente, uma criança assistirá o desenho do homem-aranha e quando crescer… Jogará teias nos outros? Assistirá ao filme e sairão de casa mascarados para bater em criminosos?

No caso do ataque às novelas terá algo a ver o fato de que uma das atrizes da principal novela da Venezuela (“De todas maneras, Rosa”, da Venevision) faz oposição ao governo de Maduro? A atriz se chama Norkys Yelitza Batista Villaroel e sua personagem, Andreina Vallejo, matou até a própria mãe na novela para esconder a paternidade de seu filho, além de assassinar outros personagens. Contudo, não passa de uma personagem de novela e ninguém é obrigado a ser criminoso e/ou psicopata porque uma personagem de novela é assim. É ridículo colocar a culpa da violência na Venezuela sobre uma novela.

Não passa de mais uma desculpa para encobrir a realidade venezuelana. Tanto que o Observatório Venezuelano de Violência estima o aumento de 400% na violência nos 15 anos que os socialistas bolivarianos estão no poder. Ora, são 15 anos de governo com quadruplicação do índice de homicídios, frente a menos de 1 ano da novela acusada por Maduro.

O governo socialista bolivariano da Venezuela impede a verificação dos dados fornecidos sobre a violência no país e diz que a taxa está em 39 assassinatos para 100 mil habitantes; a mais alta da América do Sul, sendo que o observatório informa a ocorrência de no mínimo 24 mil assassinatos em 2013, elevando a taxa para 79 por 100 mil habitantes, aproximadamente 202% maior que a anunciada pelo governo.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) a taxa de homicídios na Venezuela é a quinta pior do mundo. Diversos analistas estão dizendo que, mesmo que o governo imponha regras mais duras sobre a programação de televisão e principalmente as telenovelas, a violência não baixará com as medidas.

Como o governo finge que a violência não é culpa dele, a iniciativa privada se movimenta para (como sempre) resolver os problemas criados pelo Estado. A primeira iniciativa foi a criação de um aplicativo gratuito chamado “Pocket Police” (Polícia de Bolso). O aplicativo possui um “botão de pânico” que ao ser acionado notifica de um até três contatos sobre a emergência e mostra a localização do indivíduo.

Quem baixar o “Pocket Police” precisa adicionar até três contatos, fornecendo e-mail e telefone dessas pessoas para que recebam as notificações de emergência caso ocorra.

É obvio que o discurso de Maduro não passa de mais uma ação estratégica dele para tirar o foco da criminalidade de cima do culpado (o governo bolivariano) e colocá-lo sobre quem não tem culpa (telenovelas, TV, homem-aranha, videogames…), enquanto testa o próprio poder e ruma ao controle total da sociedade venezuelana, elevando o intervencionismo ao maior patamar possível.

Quanto mais a Venezuela afunda, mais Maduro trabalha para aprofundar o buraco. As consequências virão e Maduro não terá mais ninguém para culpar, além de si próprio.

Roberto Lacerda Barricelli é jornalista, poeta e escritor e colabora com o Instituto Liberal


Resumo da crise na Venezuela

2014 Venezuelan Protests (12F).jpg
Manifestantes em Caracas
Período07 de janeiro de 2014 –presente
LocalVenezuela
SituaçãoOcorrendo
Causas
  • Corrupção no governo federal
  • Política econômica chavista
  • Intervencionismo estatal na economia
  • Escassez de produtos básicos
  • Desabastecimento generalizado
  • Filas nas portas dos supermercados
  • Sucateamento daPDVSA
  • Apagões diários em várias cidades
  • Racionamento de água
  • Altos índices de criminalidade
  • Existência dos "Colectivos" (pistoleiros de aluguel que andam em motos e disparam contra manifestantes)
  • Censura aos meios de comunicação
  • Expulsão de dois jornalistas da CNN
  • Violenta repressão policial
Objetivos
  • Renúncia do presidente Maduro
  • Antecipação das eleições
Características
  • Cerco a prédios públicos
  • Confrontos com a polícia
  • Distúrbios
  • "Panelaço"
  • Barricadas
  • Manifestações
Participantes do conflito


  • Governo da Venezuela
  • Manifestantes pró-governo
  • Militantes e grupos armados pró-governo
  • Estudantes universitários pró-governo
  • Polícia Bolivariana Nacional
Líderes

  • Leopoldo López
  • María Corina Machado

Baixas

  • 23 mortes1
  • ~261 feridos2 3
  • ~1044 presos4

Os protestos na Venezuela em 2014consistem em uma série de manifestações contrárias ao governo de Nicolás Maduro que iniciaram-se em janeiro e perduram até o momento. De acordo os manifestantes, o movimento representa a insatisfação com as supostas violações de direitos humanos,5 6escassez crônica de produtos básicos e altos níveis de criminalidade. O índice de inflaçãochegou aos 56,2% em 2013 e os níveis de escassez chegavam perto dos 20% no mesmo ano.7 8 Numa manobra para tentar conter a inflação e aumentar o poder de compra dos venezuelanos, o presidente Maduro aumentou o salário mínimo dos trabalhadores e pensionistas nos mesmo níveis da inflação entre maio de 2013 e janeiro de 2014: 59%.9 10

De acordo com o presidente Maduro, o que está acontecendo é o resultado de uma "guerra econômica" contra seu governo. O governo declara ainda que o capitalismo e a especulação estariam criando as altas taxas de inflação e criando a escassez generalizada de produtos básicos.11

As manifestações começaram em janeiro de 2014 em resposta à criminalidade do país, logo após o latrocínio da atriz e ex-Miss Venezuela Mónica Spear e de seu ex-marido em uma estrada venezuelana.12 13 A filha de cinco anos dos dois também foi ferida com um tiro, mas sobreviveu. Os protestos estudantis que entraram em curso coincidiram com as comemorações do aniversário de 100 anos da vitória na Guerra de Independência da Venezuela, quando as escassas forças independentistas formadas majoritariamente por estudantes venceram a Espanha. A celebração é feita em 12 de fevereiro e é conhecida na Venezuela como Dia Nacional da Juventude. Essa coincidência ajudou a trazer mais adeptos jovens para os protestos. Em fevereiro, as manifestações cresceram significativamente de tamanho e já estavam sendo realizadas em diversas cidades do país. Nos conflitos que se seguiram, seis pessoas foram mortas e mais de duzentas foram feridas desde 13 de fevereiro.14 Cerca de 180 pessoas foram presas desde meados do mesmo mês.3 15 1615

Desde então, o governo apoiado por militantes da situação e os manifestantes apoiados por opositores de Maduro têm trocando mutualmente acusações quanto as responsabilidades pela violência galopante observada nos protestos. O ex-candidato à presidência Henrique Capriles - uma das vozes da oposição, mas que não tem se envolvido diretamente nos protestos - repudiou a violência e vandalismo utilizados por grupos mais exaltados da oposição e declarou que está certo de que a grande maioria rejeita e condena essas práticas,17mas que ações igualmente violentas do governo e a prisão de opositores não ajudarão a amenizar os conflitos.18 Leopoldo López, um dos líderes oposicionistas dos protestos, pediu que as manifestações seguissem em paz19 e manifestou a sua insatisfação com a violência que estaria sendo empregada pelas autoridades venezuelanas e "milícias armadas" pró-governo. Para ele, somente a saída de Maduro da presidência poderá melhorar a situação do país.20 O governo venezuelano, por sua vez, acusou López de incentivar a violência e incitar um Golpe de Estado, além de acusar o que chamou de "direita fascista" nos protestos, pedindo que priorizem o diálogo direto de líderes estudantis com a presidência e prometendo investigar quem atacar manifestantes pacíficos.21

Mercosul compra Versão de Maduro

A polarização é um fator conhecido na política venezuelana, responsável por dificultar o entendimento das crises que ocorrem no país, como a iniciada na quarta-feira 12, com a morte de três pessoas em uma manifestação em Caracas. É justamente por conta da tradicional falta de parcimônia do governo chavista e da oposição que causa espanto a nota oficial do Mercosul sobre a crise, cujo teor, segundo o Itamaraty, reflete a posição do governo brasileiro.O comunicado do bloco, ao qual a Venezuela foi incluída em 2012, se assemelha a um desagravo a Nicolás Maduro.

texto do Mercosul está disponível no site da chancelaria venezuelana, país que ocupa atualmente a presidência temporária do bloco. O comunicado fala de "tentativas de desestabilizar a ordem democrática" e rechaça "as ações criminais dos grupos violentos que querem disseminar a intolerância e o ódio na República Bolivariana da Venezuela como instrumento de luta política". O Mercosul, continua o texto, "expressa seu mais firme rechaço às ameaças de ruptura da ordem democrática" e insta as partes a continuar o diálogo "no marco da institucionalidade democrática e do estado de direito, tal como promovido pelo presidente Nicolás Maduro".

De fato, alguns dos atos da oposição venezuelana são bastante preocupantes. Os líderes Maria Corina Machado e Leopoldo López representam um setor da oposição que, incapaz de derrotar o chavismo nas urnas, busca deslegitimar o governo. Machado atua de forma particularmente intensa nesta empreitada ao se referir ao governo eleito como uma "ditadura Castro-Comunista". Na atual crise, Machado e López estão instrumentalizando os estudantes que foram às ruas contra a violência para tentar criar um clima que force a saída de Maduro. O próprio lema dos protestos convocados por eles, "a saída", deixa isso claro.

A atuação perigosa da oposição, entretanto, não serve para compor o quadro favorável a Maduro pintado pela nota do Mercosul. Desde a semana passada, o presidente venezuelano tenta deslegitimar qualquer manifestação contra seu governo como uma tentativa de golpe. Para conter o suposto levante, Maduro convocou o povo a se unir para "repudiar a violência e os fascistas" e aqueles que desejam "impor a intolerância e o ódio", construção usada comumente pelo presidente venezuelano e que, talvez não por coincidência, consta no comunicado oficial do Mercosul.

Ao contrário do que afirma a nota do Mercosul, Maduro não tem pregado o diálogo com a oposição. Além da repressão policial, há acusações de que o governo teria bloqueado imagens e vídeos no Twitter e suspendido o sistema de transporte público em redutos da oposição. Outras figuras importantes do chavismo também não têm se esforçado para apaziguar os ânimos. O chanceler Elías Jaua fala com frequência sobre a suposta ameaça "fascista" e o presidente do Parlamento, Diosdado Cabello, atribuiu as manifestações recentes a uma conspiração internacional, com participação do ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe.

Diante da polarização na Venezuela e dos erros de lado a lado, chama a atenção o fato de o Mercosul ter adotado uma postura tão favorável a Maduro. Um caminho menos temerário seria o tomado pela União das Nações Sul-Americanas, a Unasul. Em um comunicado divulgado no domingo 16, a entidade adotou um tom neutro, porém firme, ao defender a "preservação da institucionalidade", a "defesa da ordem democrática" e a necessidade de convicções serem expressadas pela "via democrática".

É de se estranhar também que o governo brasileiro tenha dado anuência ao comunicado do Mercosul. A CartaCapital a assessoria de imprensa do Itamaraty informou que a posição do Brasil sobre a situação na Venezuela "está refletida nas notas à imprensa dos Estados-membros do Mercosul e da Unasul", uma vez que o governo brasileiro "acredita ser mais eficaz, no que diz respeito à tomada de posição sobre a situação na Venezuela, manifestação coletiva dos países de ambos os blocos regionais".

De fato, a ação conjunta dos países sul-americanos é uma ferramenta útil, como provou o apaziguamento da crise boliviana em 2008, mas ela se enfraquece quando uma entidade como o Mercosul confunde a aliança entre os Estados com um aliança entre governos.

Jovens tomam as ruas da Venezuela

Crise na Venezuela: estudantes voltam às ruas no leste de Caracas
Vestidos de branco, jovens carregavam cartazes contra governo de Maduro. Eles protestavam contra insegurança e deterioração econômica do país.
04/03/2014 16h45 - Atualizado em 04/03/2014 17h18
Da France Presse
 Opositores protestam contra o presidente Nicolás Maduro em frente Pa base aérea militar La Cartola, em Caracas, nesta terça-feira (4)  (Foto: AFP Photo/Leo Ramirez)
Opositores protestam contra o presidente Nicolás Maduro em frente Pa base aérea militar La Cartola, em Caracas, nesta terça-feira (4) (Foto: AFP Photo/Leo Ramirez)

Milhares de estudantes e opositores tomaram as ruas, nesta terça-feira (4), no leste de Caracas, caminhando até o bairro popular de Petare, para protestar contra a insegurança e a deterioração econômica no país, há um mês mergulhado em manifestações que já deixaram 18 mortos.

Vestidos de branco, os jovens carregavam cartazes com dizeres contra o governo deNicolás Maduro e gritavam palavras de ordem. A multidão saiu do Parque Miranda e seguiu para Petare, uma das maiores comunidades da América Latina.

Ambos os pontos pertencem ao município de Sucre, leste de Caracas, governado pela oposição, mas com várias zonas de maioria chavista.

Caracas e várias cidades venezuelanas têm sido palco de protestos quase que diariamente. As manifestações foram iniciadas por universitários no estado de Táchira, oeste da Venezuela, na fronteira com aColômbia, contra a grave insegurança após a tentativa de estupro de uma estudante.

A deputada da oposição María Corina Machado também marchava com um grupo de manifestantes no leste de Caracas, entre eles a mulher de Leopoldo López, Lilian Tintori. Líder do partido Vontade Popular, López está preso após ter sido acusado de instigar a violência nos protestos.

 Manifestantes participam de protesto contra o governo de Nicolás Maduro em Caracas, na Venezuela, nesta terça-feira (Foto: AFP Photo/Juan Barreto)
Manifestantes participam de protesto contra o governo de Nicolás Maduro em Caracas, na Venezuela, nesta terça-feira (Foto: AFP Photo/Juan Barreto)

quarta-feira, 19 de março de 2014

Após ataques, Kiev traça plano de retirada militar da Crimeia

  • Soldados ucranianos carregam seus pertences enquanto deixam a base da Marinha em Sevastopol, na Crimeia, nesta quarta-feira (19), após soldados encapuzados pró-Russia assumirem o controle do posto

    Soldados ucranianos carregam seus pertences enquanto deixam a base da Marinha em Sevastopol, na Crimeia, nesta quarta-feira (19), após soldados encapuzados pró-Russia assumirem o controle do posto

O governo da Ucrânia divulgou nesta quarta-feira (19) que está fazendo planos para retirar suas tropas da Crimeia, onde a Rússia já está tomando o controle formal de bases militares na península.

O secretário do Conselho Nacional de Segurança e Defesa, Andriy Parubiy, disse que o país vai buscar ajuda da ONU (Organização das Nações Unidas) para transformar a Crimeia em uma zona desmilitarizada, com o intuito de deslocar suas forças para o continente.

ENTENDA A IMPORTÂNCIA DA CRIMEIA

"Estamos elaborando um plano que nos permita tirar os soldados e suas famílias da Crimeia, para que sejam levados rápida e eficientemente para a Ucrânia continental", declarou o secretário em uma entrevista coletiva transmitida pela TV.

Hoje, mais cedo, homens mascarados, falando russo, tomaram o comando do QG naval da Ucrânia em Sebastopol. Segundo a agência de notícias AP, o portão da base foi derrubado e uma bandeira russa foi hasteada. Os milicianos, desarmados, aguardaram por uma hora até a chegada do comandante da frota russa do Mar Negro e aí então tomaram o prédio. Soldados ucranianos tiveram que deixar o local levando seus pertences.

Autoridades pró-Russia na Crimeia detiveram o comandante da Marinha e bloquearam a entrada na península de autoridades do governo, como o ministro da Defesa.

De acordo com o jornal "The Boston Globe", os milicianos que tomaram a base naval não encontraram resistência.

O ministro da Defesa e o vice-premiê da Ucrânia tinham planejado viajar à Crimeia nesta quarta como uma tentativa de diminuir tensões, mas foram alertados pelo primeiro-ministro da Crimeia de que eles não poderiam entrar.

"Eles não são bem vindos na Crimeia", disse o premiê Sergei Aksyonov. "Eles não serão autorizados a entrar na Crimeia, serão enviados de volta", segundo informações da agência Interfax.

Ontem, um confronto na Crimeia entre soldados ucranianos e pró-Rússia resultou na morte de duas pessoas. (Com "Boston Globe" e AP)